Mapa: veja por onde militares que tramavam golpe e mortes passaram
Golpistas teriam tramado o
assassinato de Moraes, Lula e Alckmin. Eles se espalharam por Brasília para
tentarem cumprir o plano
Jade AbreuSamara Schwingel (metropoles.com) - Um policial e cinco militares são suspeitos de arquitetarem o plano “Punhal Verde e Amarelo” – que tinha como objetivo matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT); o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes; e o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB). Os suspeitos chegaram a se distribuir por diversos pontos de Brasília a fim de ter acesso às vítimas.
A Polícia Federal
(PF) cumpriu, nessa terça-feira (19/11) mandados de busca e
apreensão e de prisão contra os suspeitos. São eles:
·
General da
reserva Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da
Presidência no governo Jair Bolsonaro e ex-assessor de gabinete do deputado
federal Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde de Bolsonaro.
·
Tenente-coronel
Helio Ferreira Lima;
·
Major
Rodrigo Bezerra Azevedo, também “kid preto”;
·
o então
major e atual tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira;
·
Policial
federal Wladimir Matos Soares.
O relatório da PF aponta que os
suspeitos utilizavam países como codinomes e, até o momento, não foi possível
decifrar qual codinome estaria atribuído para cada pessoa.
A movimentação que teria a intenção
de executar o golpe teve início em 15 de dezembro de 2022, quando “Áustria”
saiu de Goiânia (GO) para Brasília. Nesse mesmo período, houve o registro de
deslocamento do veículo de Rafael Martins — movimentação que coincide com a da
pessoa nomeada de Japão.
Em seguida, o militar que utiliza o
codinome Brasil avisa que no local em que seria o “Quartel-General” do grupo — o Parque da
Cidade. Gana avisou que estava “na posição”, que seria a residência oficial do
ministro Alexandre de Moraes.
Um dos envolvidos enviou o print de
uma matéria do Metrópoles informando que a sessão que votaria
o orçamento secreto havia sido adiada. Em seguida, por volta das 20h59, o
usuário por enquanto atribuído a Rafael Martins envia uma mensagem “abortando a
missão”. Ele mandou que Áustria e Gana retornassem, sendo que Gana deveria ser
“resgatado” por Japão.
Dificuldade com táxi
Gana começa a andar pela W3 Sul,
quando teve dificuldades para pedir um táxi. Às 21h26, ‘Gana’ disse: “‘Sanhaço
pera achar táxi. Mas vou chegar. Kkkk”. Em resposta, um homem identificado pela
PF como Rafael de Oliveira pergunta: “Quer que te pegue?”.
Sete minutos depois, ‘Gana’ envia um
áudio explicando a dificuldade:
“Cara, acabei de chegar um [sic] ponto de táxi aqui, tinha um maluco, só
que ele falou que tava indo buscar um passageiro e ia chamar um táxi aqui pra
mim, tá ligado?! Dá uns cinco minutinhos aqui pra ver se, se chega. Eu acho que
agora vai resolver, mas tá pica, mané. Essa hora não tem táxi em lugar nenhum,
né.”
Às 22h07, Gana chega ao Shopping
Pátio Brasil, onde, segundo o relatório da PF, o tenente-coronel Rafael de
Oliveira o busca.
Explosivo ou envenenamento
O plano cogitou o assassinato do
ministro Alexandre de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), com o uso de explosivos ou envenenamento.
De acordo com a corporação, os
golpistas consideravam os “danos colaterais” do assassinato de Moraes como
“aceitáveis”. “Danos colaterais”, ressalta a PF, seriam até a eliminação de
toda a equipe de segurança do ministro e até mesmo as mortes dos militares
envolvidos na ação. Ou seja: os golpistas estariam dispostos a morrer no plano
de execução do ministro.
“[Tudo] era admissível para
cumprimento da missão de ‘neutralizar’ o denominado ‘centro de gravidade’, que
seria um fator de obstáculo à consumação do golpe de Estado”, descreve a PF.
Segundo a investigação, “a
possibilidade de morte de Moraes é reforçada pelo tópico denominado ‘Danos
colaterais passiveis e aceitáveis’, em que o documento descreve como passível
‘100%’ e aceitável também o percentual de “100%”.
A investigação encontrou um documento
que traz, em formato de tópicos, o planejamento de uma operação relacionada ao
golpe de Estado. São elencados, por exemplo, demandas de reconhecimento
operacional e armamentos necessários.
Os
“metadados” indicam que o planejamento foi elaborado pelo general da reserva
Mário Fernandes, enquanto ainda era secretário-executivo da Secretaria-Geral da
Presidência da República, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
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