alhos & bugalhos
Do
ÓRFÃOS,
MAIS UMA VEZ!
Walmir Rosário*
O
anúncio da aposentadoria do atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
ministro Joaquim Barbosa, pega os brasileiros de surpresa e nos deixa com o
sentimento de orfandade. Nunca no país a justiça foi levada tão a sério e
despertou a atenção da maioria da população.
Com
o julgamento do processo conhecido como o Mensalão, que levou à cadeia figurões
do alto escalão da República, o STF, um tribunal constitucional, ficou
conhecido do povo. Em qualquer esquina do país os nomes dos ministros do STF
estavam na ponta da língua da população.
Esse
repentino interesse do povo pela mais alta Corte brasileira tinha nome e
sobrenome: Joaquim Barbosa. E essa figura se tornou notória por incorporar a
vontade de cada um de nós em fazer com que prevalecesse a Justiça com J
maiúsculo, a que decide conforme a lei, sem a interferência das famosas
carteiradas do tipo “sabe com quem está falando?”.
A
cada sessão de julgamento, apostas eram feitas sobre cada voto dos ministros,
se contra a favor dos acusados. Nunca na história deste país nomes estrangeiros
de alguns ministros eram pronunciados de pronto nas discussões em mesa de bar e
até as máscaras de carnaval mais vendidas eram a do ministro Joaquim Barbosa.
Com
a saída de Joaquim Barbosa do STF ficaremos na dúvida se aquela corte aprendeu
os ensinamentos deixados por ele de que os julgamentos não devem ser políticos
e sim jurídicos. Era assim que ele agia honrado sua toga.
Afinal,
como dizia o grande sábio nosso conterrâneo Ruy Barbosa “A injustiça desanima o
trabalho, a honestidade, o bem; semeia no coração das gerações que vem nascendo
a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na
fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a
venalidade”.
E
concluiu esse discurso afirmando: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto
ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver
agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da
virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”
Daqui
pra frente, com certeza, nossos juízes pensarão duas vezes a proferir uma
sentença utilizando não apenas a lei, mas as filigranas contidas para a
concessão de privilégios aos poderosos. Especulam que Joaquim Barbosa se
despede do Judiciário para ingressar na carreira política, o que seria muito
bom para a moralização da política brasileira.
*Torcendo
para que todos tenham aprendido a lição
SINDICATO RURAL DE CANAVIEIRAS MOBILIZA CACAUICULTORES
O
prefeito Almir Melo ressaltou que é preciso mudar programa e mais união dos
cacauicultores
O Sindicato Rural de
Canavieiras promoveu, na noite de sexta-feira (30), no auditório da Secretaria
Municipal da Educação, uma reunião com associados para analisar as atuais
conjecturas do “negócio cacau” e a insegurança jurídicas das propriedades.
Segundo o presidente do Sindicato rural de Canavieiras, Gilson Liberato, é
necessário para a sobrevivência da cacauicultura que seja feita uma grande
manifestação na defesa dos interesses dos cacauicultores.
Presente à reunião, o
prefeito de Canavieiras, Almir Melo, declinou seu apoio à atividade,
ressaltando que Canavieiras é o “berço” da cacauicultura. Ele comentou que
recentemente, quando se encontrou por alguns minutos com a presidente da
República, Dilma Rousseff, solicitou que ela dê uma atenção especial à
atividade, que passa por problemas desde que sofreu o ataque do fungo causador
da vassoura-de-bruxa.
Almir disse, ainda,
que a simples prorrogação das dívidas contraídas pelos produtores junto aos
agentes financeiros e ao Tesouro Nacional não é capaz de solucionar as
pendências. Para o prefeito, é preciso que seja elaborado um amplo programa de
readequação das dívidas, que permita aos produtores a contratação de novos
recursos.
Quem também concordou
com o prefeito Almir Melo foi o presidente do Sindicato Rural de Ilhéus, Milton
Andrade Júnior, afirmando que atualmente existe tecnologia confiável para a lavoura
cacaueira, porém o produtor está impedido de realizar novos investimentos por
falta de capacidade de endividamento. “O mais grave disso é que as dívidas dos
cacauicultores são decorrentes das orientações sobre a prática de manejo
erradas e que prejudicou terrivelmente o setor”, disse Milton Andrade.
SERÁ QUE NOSSO FUTURO ESTÁ NA LAMA?
Walmir Rosário*
- A designer sul-coreana Jeongwon Ji deslumbra o mundo ao apresentar uma
invenção inusitada: transformar caranguejos chineses em plásticos. Acredito
piamente nas novas tecnologias, mas, aqui pra nós, tenho minhas dúvidas sobre a
eficácia dessa transformação. Não entendo nada de química, e poucas são as
informações que disponho para travar um debate sobre essa estranha invenção.
Mesmo assim, fosse o
contrário, minhas dúvidas por certo seriam infundadas, haja vista parecer mais
eficaz que transformemos produtos inorgânicos em orgânicos. Não é de agora que
nos chegam aos ouvidos notícias alarmantes sobre a destruição do meio ambiente.
Essa invenção dá a
entender que este é um caminho aberto para alargar essa possibilidade. Imagino
eu, a corrida aos mangues para a captura desenfreada dos nossos
caranguejos-uçás, guaiamuns, aratus e outros crustáceos nem tão abundantes em
nossos manguezais.
Pelos meus cálculos,
nossos novos catadores promoveriam o extermínio desses crustáceos num piscar de
olhos, antes mesmo qualquer reação do Ibama, Instituto Chico Mendes ou qualquer
outra organização não-governamental recém-criada com a finalidade de coibir a caça
desenfreada aos nossos saborosos artrópodes.
De logo, vou colocando
minhas barbas de molho com receio das medidas governamentais que poderão ser
tomadas para a criação da Caranguejobras, aparelhada por companheiros e
coligados. Devido a importância do empreendimento, por certo também serão
acomodadas algumas centenas de ambientalistas, de preferência caranguejólogos,
dada a especialidade.
Daqui de Canavieiras,
onde mantenho minha sossegada trincheira, antevejo um futuro incerto para os
manguezais lavados pelos rios Pardo, Salsa, Cipó e Patipe, que formam esse
imenso delta, berçário dessa colossal fauna marinha.
Para minha tristeza,
serei testemunha ocular do sumiço da gostosa “cabeça de robalo”, uma das
iguarias mais famosas da gastronomia canavieirense. Se fosse só por isso me
contentaria, mas ainda não somos conhecedores dos terríveis efeitos causados
pelas devastações provocadas com a captura desenfreada de tão gostoso
crustáceo.
Brincadeiras à parte,
como Deus ainda não me concedeu o dom de prever o futuro, não vislumbro
qualquer possibilidade de vantagem nessa invenção, com todo o respeito que
devemos aos orientais.
De minha parte, guardo
reservas até que minhas conjecturas se confirmem infundadas.
*Com
receio de ser importunado pelo progresso desenfreado.
POR HOJE É SÓ...
PONTO FINAL (REDAÇÃO: O BOLSO DO ALFAIATE)
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