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Leitura do Dia
Nepotismo e Capitanias Hereditárias na política brasileira
A sucessão política entre parentes é prática comum
no contexto brasileiro
Jornal do
Brasil - Lucas
Altino * - O rumor de que o governador Sérgio Cabral
renunciará ao cargo no início de 2014, abrindo espaços para a candidatura de
seu filho,
Marco Antônio Cabral, a deputado, ganhou mais força na última semana, após o
presidente do PMDB, Jorge Picciani, confirmar a versão especulada na imprensa.
Apesar de Cabral não assumir publicamente, a hipótese parece cada vez mais
provável, ainda mais se considerando a queda vertiginosa da popularidade do
atual governador. O apadrinhamento político, principalmente em casos de
parentes, é uma das portas de entrada mais comuns nos bastidores políticos do
Brasil. Assim, a renúncia de Cabral se explica pela “Lei da Inelegibilidade”,
que impede a candidatura de cônjuges e parentes de presidente da república,
governador de estado e prefeito,
A
história da dominação de famílias políticas em cargos públicos, entre
executivo, legislativo e judiciário, está na raiz da construção do Brasil,
desde a época colonial. Durante as Capitanias Hereditárias, sistema de
administração territorial criado por D. João III, certos governantes tiveram
seus sobrenomes prosseguindo na política brasileira por muitos anos. É o caso
dos Albuquerque Maranhão, que teve em Afonso o primeiro da família a assumir um
posto, quando foi presidente das províncias de Pernambuco e Paraíba até 1836,
sucedendo-se por outros dez parentes, até Ney de Albuquerque Maranhão, o último
da linhagem, que terminou seu último mandado, como senador, em 1995.
A
distribuição de províncias a poucos grupos, durante as Capitanias Hereditárias,
era prática muito comum. Somente a família Alencar, por exemplo, esteve à
frente de três províncias, com Tristão Gonçalves no Ceará, sendo sucedido por
José Martiniano e Tristão Araripe no Rio Grande do Sul e Pará. O domínio se
estendeu até o período da ditadura militar, quando Humberto de Alencar Castello
Branco assumiu a presidência do Brasil, após o golpe de estado em 1964.
A
família que, durante a história do Brasil, se perpetuou no poder por mais
tempo, passando por seis gerações, foi a Andrada. A partir de José Bonifácio,
patriarca da independência, outros 22 Andradas figuraram no cenário político do
país, com nomes atuantes até hoje. Como José Bonifácio Tamm, deputado federal
de Minas Gerais, que mantém um mandato parlamentar há 56 anos ininterruptos,
tornando-se em um dos parlamentares mais experimentados do mundo.
Nordeste
e Rio, currais eleitorais
Tradicionalmente
o Nordeste, talvez por uma cultura coronelista, constitui-se como um polo de
dominação patriarcal político. José Sarney e Antônio Magalhães são duas figuras
que simbolizam esta prática, com seus sobrenomes presentes em cargos públicos
até hoje. Sarney, que presidiu o Senado Federal até 2012, mantém um amplo
curral eleitoral no Maranhão, eclodindo inclusive em casos de nepotismo, com a
contratação de parentes para cargos de gabinete. Atualmente, seus filhos, José
Sarney Filho e Roseana Sarney, ocupam a pasta do Ministério do Meio Ambiente e
o governo do estado do Maranhão, respectivamente.
Já
Antônio Carlos Magalhães, falecido em 2007, foi senador, ministro das
Telecomunicações e Governador da Bahia. Seus dois filhos e mais um neto
prosseguiram na política. Luís Eduardo Magalhães foi deputado federal e
estadual pela Bahia, mas faleceu 1998. Atualmente, ACM Júnior é senador pela Bahia
e ACM Neto é prefeito de Salvador. Outras três famílias também possuem muita
força, hoje em dia, no Nordeste. O alagoano Renan Calheiros é o presidente do
Senado Federal. Seu irmão, Olavo, foi deputado federal de Alagoas até 2011. Já
Renildo, é prefeito de Olinda, em Pernambuco.
Da
família Arraes, vieram dois governadores de Pernambuco, Miguel Arraes, até
1999, e Eduardo Campos, o atual mandatário. Já a famíla Alves é uma das mais
influentes do Rio Grande do Norte. Agnelo Alves foi senador e prefeito por dois
mandatos do município de Parnamirim ,até 2008. Seu filho, Carlos Eduardo, é o
atual prefeito de Natal e seu sobrinho, Henrique Alves, é deputado federal e
presidente da Câmara.
No
Rio de Janeiro, muitas famílias políticas se perpetuam no poder até hoje. Além
dos Cabral e Garotinho, os Bolssonaro, Picciani, Maia, Alencar e Brizola
representam uma força eleitoral carioca. Jair Bolssonaro é uma das figuras mais
polêmicas entre os políticos brasileiros. Deputado federal, ele ficou famoso
por defender interesses militares e conservadores. Seus filhos, Flávio e
Carlos, são, respectivamente, deputado estadual e vereador.
Jorge
Picciani, ex deputado estadual e atual presidente do PMDB, abriu espaço para
que seus filhos, Leonardo e Rafael, seguissem na política. Enquanto o primeiro
está no seu terceiro mandato como deputado federal, o segundo ocupa o cargo de
secretário de Estado de Habitação. Do lado da oposição, o deputado federal
Rodrigo Maia segue os passos do pai, o ex prefeito e atual vereador Cesar Maia.
Outro sucessor atuando na oposição é o deputado federal Brizola Neto, quem
mantém a linhagem de seu avô, Leonel Brizola, ex-governador do Rio de Janeiro.
*Do
Projeto de Estágio do Jornal do Brasil
Tags: apadrinhamento, eleitoral,
família, nepotismo, sucessão
VOU BATER O
MARTELO...
PONTO FINAL. (REDAÇÃO: O BOLSO DO ALFAIATE)
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