alhos & bugalhos
lEITURA
DO DIA
A HERANÇA DE MARIGHELLA
Capa do
livro Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo, de Mario Magalhães.
Por José Henrique Abobreira
Na próxima
terça-feira, dia 13/08, às 19h na livraria Saraiva do Shoping Salvador
participarei de uma palestra que será proferida por Mário Magalhães, autor da
obra biográfica Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo, co-adjuvado
por Carlinhos Marighella Filho, com a mediação de Cynara Menezes.
Na oportunidade
quero cumprimentar os familiares daquele heróico brasileiro, o filho
Carlinhos e a valorosa companheira de Marighella d. Clara Charff, mulher
altiva e valente que acompanhou o revolucionário por toda uma vida. Tive a
oportunidade de acompanhar essas duas personagens quando exerci o mandato de
vereador ilheense (1993 a 1996), presidente da Comissão de Direitos Humanos e
indicado pela mesa da casa para acompanhar os trabalhos do grupo nacional
“Tortura Nunca Mais”, na época liderado pela gaúcha Suzana Lisboa, viúva de um
desaparecido preso político. Eu representava os interesses do Sr. Rosalvo
Cipriano Sousa, pai do meu colega fazendário Zé Antônio e cuja família tinha
perdido o filho Rosalino, combatente morto e desaparecido na guerrilha do
Araguaia.
Foram várias
peregrinações a gabinetes de ministros da justiça, audiência com o Presidente
da República Itamar Franco, com a participação de várias lideranças políticas e
parlamentares, a exemplo de Fernando Gabeira, senadora Marina Silva, deputado
Haroldo Lima, deputado Jabes Ribeiro. O que se pretendia era o envio pela
presidência da República de um anteprojeto de lei cujo texto reconhecesse a
participação do Estado Brasileiro na morte de tantos brasileiros, homens e
mulheres, que tinham lutado contra a ditadura militar (a presidenta Dilma
Roussef foi uma dessas lutadoras, felizmente sem perder a vida, mas com um
longo tempo de cadeia ). Finalmente, já no governo do presidente Fernando
Henrique Cardoso o projeto foi aprovado no Congresso Nacional e sancionado por
FHC reconhecendo a participação do Estado e estabelecendo indenização
pecuniária às famílias dos mortos e desaparecidos e estabelecendo comissão para
localização das ossadas dos guerrilheiros do Araguaia no Bico do Papagaio,
estado do Pará.
Em todo esse
processo que acompanhei por um bom tempo me impressionou uma passagem, no
gabinete do ministro da Justiça, o Dr. Nelson Jobim, ministro de FHC, quando
ele inadvertidamente colocou para os familiares dos mortos e desaparecidos
políticos dizendo: “Já está tudo resolvido o projeto vai ser enviado ao
Congresso e logo, logo as famílias vão ter o direito a receber o dinheiro das
indenizações” exclamou ele. D. Clara Charff, a viúva de Marighella,
levantou-se altiva e disparou: o que menos nos trouxe aqui Ministro Jobim foi
esse dinheiro que o Sr. mencionou. Nós estamos aqui para ser revista a história
do Brasil, o estado brasileiro matou seus heróis assim como assassinou
Marighella, nem nas guerras mais cruentas no mundo o adversário é morto
covardemente, desarmado e sem esboçar resistência. As forças do estado passaram
por cima de todos os tratados internacionais de guerra .
Senti Jobim se
encolher na poltrona e as suas orelhas ficarem vermelhas, ele não esperava
aquele pito.
VOU BATER O MARTELO...
PONTO FINAL. (REDAÇÃO: O BOLSO DO ALFAIATE)
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