alhos & bugalhos
Diego Badaró, criador da AMMA,
afirma que o chocolate está com dias contados
Representante
da quinta geração de uma família cacauicultora do sul do estado, baiano foi
responsável pela vinda do Salon du Chocolat
Victor Villarpando ()
Badaró, criador da
AMMA, afirma que o chocolate está com dias contados (Foto: Angeluci
Figueiredo)
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Sabe esse monte de ovo de Páscoa? Pois é, vá se despedindo. E o
motivo é bem mais grave que a dieta que (re)começa segunda-feira. O chocolate
do mundo deve acabar. Quem afirma isso é uma das maiores autoridades
brasileiras no assunto, o baiano Diego Badaró. Representante da quinta geração
de uma família cacauicultora do sul do estado, ele foi responsável pela vinda
do Salon du Chocolat pela primeira vez à América Latina, em 2012. Sua marca, a
AMMA, exporta metade do que produz para países como Estados Unidos, Austrália e
Japão. Conheça mais desse baiano, que já foi chamado de Willy Wonka
sustentável.
De qual parte do seu
trabalho você gosta mais?
Todas. Acho que a magia do chocolate é muito profunda, é um
processo alquímico desde a terra, do plantio do grão, da fruta, do crescimento,
desenvolvimento das mudas, a primeira flor, os frutos... Depois de colher os
grãos, a gente lida com a fermentação, os seres invisíveis, para garantir o
sabor. É um processo de respeito aos ciclos da natureza. Levamos toda essa
memória florestal que fica impregnada no grão. Transformar na fábrica é o
suprassumo do processo, porque você dá vida a toda aquela potência. Transforma
o grão em estado bruto numa barra que vai ser degustada no Japão. Gosto muito
também de viajar para vender meu chocolate, conhecer pessoas e representar as
pessoas que estão no campo comigo. Meu papel é muito amplo, é de conectar as
pontas.
E a que menos gosta?
Acredito que tudo é possível, então procuro não enxergar
dificuldades e sim transformar desafios em realizações. Não crio barreiras nem
dou peso a desafios.
Acredita na crise do
cacau?
Sim, o chocolate deve acabar, mas só vamos sentir em médio
prazo, a partir de 2020. A grande indústria tem estoque de cacau e ainda há
alguma produção. A fruta é cotada na bolsa de Nova York com preço do quilo a
US$ 2,70. Mas um quilo do bombom pronto é vendido, na Europa, por 70
euros. O chocolateiro, que bota recheio e embalagem, fica com quase tudo e a
ponta produtora não é valorizada. As pessoas estão migrando do campo para
buscar oportunidades na cidade. Isso é uma ilusão porque no campo está a vida,
a essência. Há um desaparecimento da mão de obra, um abandono da estrutura do
cacau, principalmente na África, de onde sai cerca de 80% do cacau do mundo. Os
produtores já estão no pico da expectativa de vida e não rola sucessão. Hoje,
ninguém quer trabalhar com o campo. No Brasil e no mundo, os trabalhos manuais
estão passando por dificuldades no processo.
Nessa perspectiva,
como você vê seu trabalho em 20 anos?
Sonho com um mundo reflorestado, com todo esse cinturão tropical
voltando a cultivar cacau, com as pessoas ligadas ao campo de alguma forma,
valorizando a agricultura e respeitando o ciclo natural. Quero que todos do
planeta tenham acesso ao cacau, que é o alimento mais completo do mundo, não a
toda era alimento dos deuses astecas e maias. Daqui a 20 anos, eu quero que o
mundo inteiro possa saborear um pedaço de chocolate da AMMA.
O chocolate com menos
leite está mais popular no Brasil?
Sem dúvida. Pesquisas estão revelando os benefícios do cacau e
as pessoa estão mais ligadas em ter uma alimentação saudável, com mais
consciência alimentar, buscando produtos orgânicos. E quanto mais cacau tiver,
mais saudável o chocolate fica. Existe um movimento muito forte. Tanto que
grandes indústrias, que nunca ofereceram esse tipo de produto, estão se
rendendo e produzindo alguns assim. O produto mais vendido da AMMA é o tablete
100%.
O que vem de novidade
da AMMA por ai?
Todos os nossos chocolates têm ligação direta com a diversidade
brasileira. Não tenho interesse em fazer algo com avelã, por exemplo. Não gosto
de falar demais por conta do segredo industrial. Mas tem muitos sabores da
caatinga baiana com os quais quero trabalhar. Temos uma riqueza de sabores
fantástica. Para algumas delas, vamos ter edições limitadas. Tipo produzir
apenas 200 tabletes com a fruta tal, que só serão vendidos em nossos pontos do Brasil,
na Ceasinha do Rio Vermelho e em São Paulo. Novidade é ter essa liberdade de
criação, com barras numeradas e respeito aos tempos das frutas.
Comerciantes estão satisfeitos com o Festival Gastronômico de Canavieiras
Os
proprietários de restaurantes do Sítio Histórico de Canavieiras ainda comemoram
os resultados positivos do Festival Gastronômico promovido por ocasião da
Semana Santa. Para eles, turistas e nativos responderam positivamente a
proposta apresentada pelos restaurantes durante o feriadão da Páscoa, com o
apoio da Prefeitura de Canavieiras.
Com
realização prevista para os dias 3 e 4 (Sexta-Feira Santa e Sábado da Aleluia),
o Festival Gastronômico foi prorrogado para o domingo (5), diante do sucesso do
evento. “Este primeiro ano foi muito bom para ganharmos know-how e já vamos nos
reunir para planejarmos o próximo festival”, diz Carlos Le Poivre.
Embora
tenha havido um contratempo na Sexta-Feira Santa com a falta de energia das 13
às 19 horas e a chuva fina que caiu no período da noite, o Festival Gastronômico
foi considerado positivo. No sábado (4), o calçadão da Felinto Melo, onde estão
localizados os restaurantes, ficou lotado de clientes.
Além
das delícias da gastronomia canavieirense e internacional, o público presente
se encantou com a música ao vivo, na sexta-feira com a apresentação de Felipe
Barbosa (voz e violão), e sábado Morena Flor e Iara Silva. No domingo –
prorrogação do Festival Gastronômico – se apresentaram Sílvio Márcio e a
“canja” de Ely Marques.
Cada
um dos oito restaurantes que participaram do Festival Gastronômico destinou
dois pratos especiais para o festival. Basta ao cliente adquirir um cupon
individual por R$ 25,00, para ter direito a escolher um dos pratos. Se por
acaso o cliente não quiser uma das opções apresentadas, poderia escolher um dos
pratos do cardápio de cada um dos restaurantes.
Por hoje
é só... Vou bater o martelo:
Ponto Final.
Redação
o Bolso do Alfaiate
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