Durval-Filho 12 -Foto-Walmir-Rosário-1Durval Pereira da França Filho*
O dia 31 de outubro de 2017 assinalou a passagem dos 500 anos do segundo grande cisma do cristianismo: a Reforma Protestante. Nesse contexto, percebe-se que o número dos novos evangélicos tem crescido de maneira considerável. Mas também vem crescendo o número de muçulmanos, espíritas, agnósticos e ateus. Em meio a essa migração dentro do cristianismo, ao crescimento do Islã, a despeito do terrorismo, e ao crescimento daqueles sem religião, vai aqui uma pergunta: Deus existe?
Se você acredita que Deus existe, então prove. Não, você não pode provar, como também não pode provar o contrário. No panteão dos sem Deus, os mais evidentes são os ateus e os agnósticos.
Ateu é aquele que nega a existência de Deus, e o termo vem do grego a = não, sem: + Theos = Deus. Os especialistas fazem distinção em alguns tipos de ateus: existencialistas (Jean-Paul Sartre), marxistas (Karl Marx), psicológicos (Sigmund Freud), capitalistas e comportamentalistas (B. F. Skinner). O foco de sua argumentação é a negação.
Agnóstico é o que desconhece os meios para saber se Deus existe, bem como outras realidades metafísicas. O termo também vem do grego a = não + gnoses = conhecimento, ou seja, Deus é incognoscível, não se pode ter certeza se Ele existe ou não. O foco de sua argumentação é a dúvida. Mas, independentemente das classificações, os adeptos do ceticismo são encontrados nos meios de comunicação e, principalmente, nas universidades.
Charles Darwin (1809-1882), naturalista britânico, é um exemplo típico de agnóstico. Através de suas pesquisas e observações sobre a variabilidade das espécies, elaborou a doutrina da evolução por meio de uma seleção natural, como paradigma para explicar a origem da vida, sem evidências da ação divina.
Já Friedrich Nietzsche (1844-1900), alemão de origem judaica e formação luterana, filósofo e filólogo, tem sido considerado “o mais cruel e vigoroso ateu da história”. Dizia que para ele Deus estava morto, pois não conseguia acreditar em “um Deus que quer ser louvado o tempo todo…”. Assim, a sua crença na morte de Deus era subjetiva, na cosmovisão do homem ocidental.
Sigmund Freud (1856-1939), neurologista e psiquiatra austríaco, sempre se considerou ateu, embora de origem e educação judaicas. Para ele, “Deus é uma concepção humana nascida no inconsciente…”, e “a fé em Deus não passa da projeção de fortes desejos e necessidades internas”. Costumava afirmar que não tinha o temor de Deus e que, se algum dia o encontrasse não pretendia se entregar. Mas quase se entregou.
Já o crítico literário britânico C. S. Lewis ou Clive Staples Lewis (1898-1963), também ateu, tinha em Freud a sua inspiração. Na universidade, C. S. Lewis teve certeza de que “religião é coisa para criança”, e as igrejas eram verdadeiras creches para aqueles que não conseguiram crescer e se libertar. Freud morreu de câncer do palato, afirmando ser ateu até o fim dos seus dias, mas sua correspondência está cheia de expressões como “graças a Deus”, “se Deus quiser” e similares. Foi a morte do mestre que levou C. S. Lewis a ser criança de novo e a voltar para a creche, para Deus.
Para Bertrand Russel (1872-1970), filósofo e matemático britânico, ateu, “a religião nasce do medo” e torna as pessoas subservientes e a crença em Deus não conduz à felicidade.
O que pensam os modernos Richard Dawkins (1941), biólogo inglês, e Stephen Hawking (1942), astrofísico e cosmólogo? A fé em Deus é um “absurdo altamente perigoso”, porque a probabilidade de que Deus exista é ínfima (Dawkins). A crença em Deus é incompatível com a ciência (Hawking).
Francis Collins (1950), biólogo e geneticista norte-americano, foi diretor do Projeto Genoma Humano. Ateu convicto até os 27 anos, seguiu na contramão da tendência pós-moderna entre os cientistas: foi na universidade que ele se converteu ao cristianismo. A partir daí, vem discordando das teorias de Daniel Denneth, Richard Dawkins e outros colegas ateus, e afirma categoricamente que “a ciência não exclui Deus”. +