Walmir Rosário*
Na década de 1980 os torcedores brasileiros gritavam a uma só voz: “Bota ponta, Telé; bota ponta, Telé!”. Este ano, deveríamos ter gritado, exigido: “Bota meio de campo, Felipão; escala o time certo, Felipão!”. E por isso deixamos de disputar o primeiro lugar na Copa do Mundo dentro na própria casa.
É triste, mas verdadeiro. Podem até dizer que passou a hora de buscar os culpados, da caça às bruxas! E não é isso que queremos, mas é nosso dever analisar os fatos e informar ou explicar para a grande torcida brasileira porque perdemos a Copa do Mundo de 2014.
Ainda nos resta a disputa do terceiro lugar, mas não nos satisfaz. Estrela maior tem o Neymar, que escapou do escabroso vexame do chamado Mineiraço, numa alusão à nossa derrota para o Uruguai no ano de 1950 no Maracanã, o “Maracanaço”. Não acredito que tenha sido maldição, mas incompetência.
Pra começo de conversa, o técnico escalou os jogadores errados para as posições equivocadas. Se determinado atleta joga bem pela direita, Felipão o escalou pela esquerda. Ou seja, em vez de inovar, tentou inventar. E o resultado não poderia ser outro: uma humilhante goleada por sete a um.
Não poderemos tirar o brilho da vitória alemã, seleção aplicada. Vimos, para nossa tristeza, nosso desalento, erros individuais inconsequentes, por jogarem nas posições erradas. A culpa é exclusiva do comandante Felipão.
O técnico brasileiro, desde antes do jogo, pensou que poderia blefar com os alemães, a imprensa, os torcedores, mas enganou ele mesmo. A sua soberba e seu sentimento egoísta não deixaram que ele reconhecesse o erro e mudasse o estilo de jogo. Pura teimosia.
Felipão menosprezou o meio de campo, a “alma” de qualquer equipe, e a característica de jogar da seleção alemã. Em declarações dadas às redes de rádios e TV, deixou transparecer que essa partida representaria a “sua forra” contra os alemães, colocando na sua conta os resultados negativos, inclusive quando treinava a seleção portuguesa. É muita empáfia.
Quedou-se silente a Seleção Brasileira frente ao poderio futebolístico alemão. Ao contrário do estilo de treinamento dos brasileiros, os alemães fizeram o seu retiro de concentração em Santo André, um povoado do Sul da Bahia, aberto à população nativa, participando da vida social.
Os brasileiros preferiram o estilo da exclusão, do posicionamento intramuros. Esquecemos o futebol alegre, característica tradicional dos nossos atletas. Demos, de graça, essa qualidade que sempre nos distinguiu aos alemães. Tomara que isso não prejudique essa brilhante geração de jogadores.
O esperado hexa chegou, mas de forma diferente, apenas na diferença dos seis gols no humilhante placar de sete a um. Um dia para se esquecer. Mas ainda nos resta a disputa do terceiro lugar. O céu não é mais o nosso limite.
*Ainda cabisbaixo e abatido com a acachapante derrota brasileira.