É isso aí

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terça-feira, 18 de março de 2014

alhos & bugalhos

O Brasil da mídia e o país real



O Brasil da mídia e o país real
Hoje quando abrimos jornais, ouvimos o rádio e vemos as TVs comerciais o retrato é de um país à beira do abismo, tudo vai mal. Situação de quase pleno emprego, milhões de pessoas retiradas da miséria pelo Bolsa Família, pacientes atendidos em cidades que nunca haviam visto um médico antes são apenas alguns exemplos do Brasil ignorado pelo jornalismo “independente”.
Em março de 1964, o quadro era semelhante embora houvesse um fantasma a mais, além do descalabro administrativo: o “perigo vermelho” representado pelo comunismo. Para mídia ele estava às nossas portas.
A televisão e demais meios de comunicação se prestavam a esse serviço de doutrinação diária azeitados por fartos recursos vindos de grandes grupos empresariais canalizados por meio do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes) e do Instituto Brasileira de Ação Democrática (Ibad), em estreita colaboração com a agência de inteligência dos Estados Unidos, a CIA. O principal mensageiro televisivo dos alertas sobre a “manipulação comunista” do governo Goulart era o jornalista Carlos Lacerda. Apesar de afinados ideologicamente com os golpistas, os veículos de comunicação não faziam isso de graça.
Segundo o economista Glycon de Paiva, um dos diretores do Ipes, de 1962 a 1964 foram gastos nesse trabalho de desinformação US$ 300 mil a cada ano, em valores não corrigidos. Os dados estão no livro O Governo João Goulart, As Lutas Sociais no Brasil 1961-1964, do historiador Moniz Bandeira.
“O Ipes conseguiu estabelecer um sincronizado assalto à opinião pública, através do seu relacionamento especial com os mais importantes jornais, rádios e televisões nacionais, como: os Diários Associados (poderosa rede de jornais, rádio e TV de Assis Chateaubriand, por intermédio de Edmundo Monteiro, seu diretor-geral e líder do Ipes), a Folha de S.Paulo (do grupo de Octavio Frias, associado do Ipes), o Estado de S.Paulo e o Jornal da Tarde (do Grupo Mesquita, ligado ao Ipes, que também possuía a prestigiosa Rádio Eldorado de São Paulo)” relata René Armand Dreifuss no clássico “1964: a conquista do Estado”.
Foi um período longo de preparação do golpe, e quando ele se concretizou a mídia ficou exultante. O Globo estampou manchetes do tipo “Ressurge a democracia”, “Fugiu Goulart e a democracia está sendo restabelecida”. Sob o título “Bravos Militares”, o jornal da família Marinho, no dia 2 de abril de 1964, dizia que não se tratava de um movimento partidário: “Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira”. O Estadão seguia na mesma toada, enfatizando “o aprofundamento do divórcio entre o governo da República e a opinião pública nacional”.
Foram necessários 50 anos para termos a confirmação que o tal divórcio não existia. Pesquisa do Ibope, feita à época, e só agora revelada graças ao trabalho do historiador Luiz Antonio Dias, da PUC de São Paulo mostra que 72% da população brasileira apoiava o governo. Entre os mais pobres, o índice ia para 86%. E se Jango pudesse se candidatar nas eleições seguintes, previstas para 1965, tinha tudo para ser eleito. Pesquisa de março de 1964 dava a ele a maioria das intenções de voto em quase todas as capitais brasileiras. Em São Paulo, a aprovação do seu governo (68%) era superior à do governador Adhemar de Barros (59%) e à do então prefeito da capital, Prestes Maia (38%).
Dados que a mídia nunca mostrou. Para ela interessava apenas construir um imaginário capaz de impulsionar o golpe final contra as instituições democráticas.
Laurindo Lalo Leal Filho é  sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP

A censura no regime militar foi trágica, mas cômica



Apesar de toda a violência do regime militar, a censura implantada pelo golpe de 64 teve relembrada hoje sua face mais hilária para não dizer idiota, no Ciclo Ditadura, na Casa do Saber O Globo, na Lagoa, Zona Sul do Rio. O jornalista e escritor Zuenir Ventura lembrou da apreensão de livros sobre cubismo na casa do poeta Ferreira Gullar porque "certamente tinham tudo a ver com Cuba". O ator José Wilker lembrou a vez em que foi parar no Cenimar, o serviço secreto da Marinha, para explicar o desenho que fez para uma peça que ia encenar no Rio -- "China Azul". O nome "China" no título foi suficiente para chamar a atenção dos milicos.

-- O militar me perguntou o que significava o desenho. E eu respondi: "É o cabelo da moça". Aí ele devolveu: "Cabelo da moça??? Você tá brincando. Isso é um mapa do Vietnã" -- contou Wilker, levando às gargalhadas a plateia de 65 pessoas.
No desenho, Wilker havia escrito "Blue Power", o que também deixou intrigado o analista de informações da Marinha: "Você não sabe que nós somos contra o Black Power? Sua peça vai ser censurada", disse o militar.
O debate -- que durou cerca de duas horas -- foi moderado pelo jornalista Luiz Antônio Ryff, que é diretor de conteúdo da Casa do Saber. Além de Zuenir e Wilker participou o jornalista José Casado, colunista do GLOBO, assim como Ventura. O debate "O impacto na cultura e na imprensa: a vida sob censura" é o primeiro da série Ciclo Ditadura. Na próxima segunda o tema será "As mudanças na sociedade, na economia e no aparelho estatal" e no dia 31 "As lutas ideológicas e a geopolítica internacional". 
O ator José Wilker relembrou outro episódio vivido por ele. O dia em que a plateia inteira de um filme foi presa. O cinema era o Metro-Copacabana. O ano 1965. O filme Wilker esqueceu.
-- Quando surgiu na tela o presidente e general Castello Branco, no cinejornal, a plateia foi uma vaia só. Na saída do cinema, três ônibus nos aguardavam do lado de fora para levar todo mundo para o Forte Copacabana.
Mais novo entre os três palestrantes, o jornalista José Casado lembrou que chegou às redações em 1971, quando começou a ver a censura e as prisões de jornalistas. Zuenir completou, dizendo que os piores anos da ditadura foram na década de 70: "Logo após o golpe nós achávamos que a ditadura ia durar uns seis meses; durou 21 anos", observou Zuenir, que no dia do golpe havia acabado de chegar em Brasília. 

-- Vi que surgiu uma mobilização para resistir ao golpe. Eu entrei na fila para me alistar, quando me perguntaram que arma eu manejava. Tentei enrolar, e acabei contando que tinha feito tiro de guerra com um fuzil Mauser, de 1908. Fui aceito -- contou Zuenir, rindo da situação, assim como a plateia. 

O jornalista José Casado destacou que a imprensa foi o único setor econômico no qual a ditadura agiu com violência contra o patrimônio e até fisicamente contra os jornalistas.

-- No porão da ditadura, a tortura era a face mais visível do autoritarismo. Os ideólogos do regime fizeram 24 atentados a bomba -- relembrou Casado, num dos momentos mais dramáticos do debate.
Veja no vídeo a pior consequência da censura do regime militar.

Contribuinte isento pode ter direito à restituição

 
As regras da Receita Federal estabelecem que, em 2013, o contribuinte que obteve rendimentos tributáveis abaixo de R$ 25.661,70 está isento de declarar o Imposto de Renda. Entretanto, isso não significa que o contribuinte não possa entregar a declaração ao Fisco. Especialistas alertam que, ao prestar atenção na renda obtida ao longo do ano passado, o contribuinte isento pode descobrir o direito de receber restituição do imposto.Esses casos podem ocorrer quando o contribuinte recebeu, por exemplo, horas extras, abono de um terço das férias acumuladas, pagamentos atrasados feitos em um mês, rescisão trabalhista, pagamento de verbas acumuladas determinadas pela Justiça ou foi demitido no ano passado. Na prática, isso acontece com quem trabalhou alguns meses em 2013 e recebeu salário acima de R$ 1.710,78 por mês. 
POR HOJE É SÓ...(REDAÇÃO: O BOLSO DO ALFAIATE)


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