O IMPÉRIO DA ANARQUIA DECRETA O FIM DO ESTADO
A guerra civil está
perto de nós que nem notamos. Ou fazemos questão de não notar. O sentimento de
sofrimento e a apreensão por que passa a população dos municípios de Ilhéus,
Una e Buerarema não tem chegado aos conterrâneos vizinhos, que assistem, de
camarote, a maior ação de banditismo já praticada no Sul da Bahia. Essas
invasões e agressões praticadas por pseudos índios aos produtores rurais fariam
corar os “coronéis do cacau” e seus jagunços, transformando-os em anjos de
candura e bondade.
A crescente
desmoralização do Estado nos traz a necessidade iminente de uma reflexão sobre
tão importante tema na vida da sociedade moderna. Gerido por pessoas, o Estado,
como uma instituição, deve estar acima do interesse de grupos ou partidos
políticos, sob pena de ingressamos no poço sem fundo da anarquia. Mas,
infelizmente, esse cuidado não tem sido objeto de preocupação do governo atual,
ao contrário, é instado a servir como ferramenta para a consecução dos seus
interesses.
Por uma questão de
economicidade e de “não chover no molhado”, como diz o ditado popular, não
entraremos no mérito de questões várias da apropriação de valores e materiais
do patrimônio do Estado, como sobejamente vêm sendo divulgado na mídia. Isto
porque já se encontram sob a tutela policial (investigação), Ministério Público
(denúncia) e do judiciário (julgamento), como é o caso do Mensalão e de outros
casos.
Aqui trataremos, apenas
da atrocidade que vem sendo cometida pelos que estão à frente das instituições
basilares responsáveis pela sustentação de qualquer país democrático:
Executivo, Legislativo e Judiciário. No caso em questão, os agentes do
Executivo cometem erros históricos, mascarando situações, elaboram relatórios
mentirosos, transformando regiões produtivas em reservas indígenas, para quem
não possui referência Tupinambá. Um simples exame de DNA comprovaria. E o
Legislativo não está nem aí, sob os olhares complacentes do Judiciário. Uma
farsa!
Basta qualquer consulta
a livros, historiadores e documento oficiais para tomar conhecimento da
evolução e desenvolvimento da região do Maruim e adjacências, formada pelos
municípios de Una, Ilhéus e Buerarema. A mais recente, iniciada no final da
década de 1970, nos mostra que foi o próprio Estado o autor e executor do maior
programa de infraestrutura regional para o campo, acompanhado de assistência
técnica e pesquisa.
O Estado, por meio da
Comissão Executiva do Plano de Recuperação da Lavoura Cacaueira da Bahia
(Ceplac), investiu uma soma considerável de recursos na região do Maruim, que
envolve os municípios de Una, Buerarema e Ilhéus, com o Programa de
Diversificação da Economia Cacaueira. À época, com a mudança no mercado
internacional do cacau, a saída encontrada pelos técnicos foi a verticalização
da produção cacaueira, atingindo todos os produtos economicamente viáveis, a
começar pela pequena propriedade.
De acordo com o
programa elaborado e executado pela Ceplac, contemplava, além da diversificação
pra dentro da porteira, a implantação de uma série de obras de infraestrutura e
prestação de serviços, com a finalidade de disseminar os efeitos
multiplicadores. Com isso, os pequenos produtores do Maruim (em alguns casos
centenários) passaram por um diagnóstico que apontou a realidade da produção, o
potencial de desenvolvimento, os reflexos positivos e negativo da
diversificação e os instrumentos necessários ao sucesso do programa.
De imediato, com a
criação do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento (Deade), parte do orçamento
da Ceplac foi investido em infraestrutura, com a abertura de estradas para o
escoamento da produção, construção de escolas, postos médicos, melhorias na
habitação, saúde, esporte e lazer. À aquela época, os extensionistas do
Departamento de Extensão (Depex), além da assistência técnica às roças, também
levavam conhecimentos sobre o cooperativismo, associativismo, mercado, economia
doméstica e higiene e cozinha.
Todo esse trabalho de
campo era apoiado pelo programa radiofônico “De Fazenda em Fazenda”, cuja
equipe era a encarregada de decodificar a linguagem técnica e levar ao pequeno
produtor de forma simplificada, para facilitar o entendimento da difusão de
tecnologia. Assim o rádio se transformou num dos principais suportes da
implantação do Programa de Diversificação da Economia Cacaueira. Lembro-me,
como um dos apresentadores do programa, que semanalmente chegávamos a receber
cerca de 700 cartas, o que comprova sua eficiência e eficácia.
Junto com o Instituto
de Cacau da Bahia (ICB) – que criou o Programa de Incentivo ao Pequeno Produtor
(PIPP) – a Ceplac foi responsável pela organização dos pequenos produtores em
73 grupos, ligados a uma associação. Este novo modelo de organização também foi
responsável pela mudança da metodologia de assistência técnica rural, antes só
praticada de forma individual, para a coletiva, facilitando a introdução dos
novos conhecimentos.
Bastava uma simples
olhada no “retrovisor da história” para que os governos Federal e do Estado se
conscientizassem da importância do modelo de diversificação implantado pela
Ceplac na região do Maruim. Não há como negar o sucesso nos índices da produção
e produtividade conseguido pelos pequenos agricultores com os cultivos
trabalhados, todos ocupando áreas minúsculas, variando em sua maioria de um a
dez hectares.
De acordo com as
estatísticas disponíveis nos arquivos da Ceplac e do IBGE, o menor índice de
evasão rural provocado pela crise causada pela introdução da vassoura-de-bruxa
no Sul da Bahia, a partir do fim da década de 1980 é justamente da região do
Maruim. Enquanto as regiões de monocultura cacaueira a debandada era geral, no
Maruim os pequenos produtores contavam com a mandioca para farinha, o aipim,
frutas, legumes e verduras para abastecer as feiras-livres regionais.
Mesmo que esses
exemplos acima não sirvam à ideologia comunista adotadas anteriormente pelo PT
e PCdoB, para tentarem expulsarem do local em que sempre trabalharam e vieram
honestamente, apresento mais um: além de produzirem em pequenas áreas, os
pequenos produtores deram um exemplo de como produzir bem, mais e com
qualidade. Um dos cases de sucesso é a “Farinha de Buerarema”,
conhecida internacionalmente e consolidada a partir da qualidade e uniformidade
da produção, sem a ajuda de nenhum doutor em marketing (embora tenha apreço por
eles).
Daí, se houver qualquer
seriedade em alguma autoridade política – o que é coisa rara nos dias de hoje
–, bastaria recorrer à Ceplac, que poderia fornecer a certidão de nascimento
das terras de um grupo de brasileiros que sempre acreditou no trabalho como
modelo de cidadania. E porque não dizer que também acreditaram nos governantes
quando enfrentaram condições inóspitas e adversas com a finalidade de criar
riquezas, seja de ordem material, moral ou ética.
Nem passava pela cabeça
deles perder tudo o que fizeram ao longo dos anos para bandidos travestidos de
índios, com o beneplácito governamental. Mas é a vida!
Jornalista,
advogado e editor do www.ciadanoticia.com.br
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