É isso aí

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terça-feira, 23 de setembro de 2014

alhos & bugalhos

DIRIGENTE DA ABI RELEMBRA ASSASSINATOS DE JORNALISTAS NA DÉCADA DE 90



Leal foi morto na porta de casa, perto do Batalhão da PM e do Complexo Policial.
A morte de onze profissionais de imprensa na década de 90 foi lembrada pelo vice-presidente da Associação Baiana de Imprensa (ABI), Ernesto Marques. “Foi um período sombrio para os jornalistas e radialistas da Bahia”, diz, enfatizando que o tema violência vem sendo largamente explorado pelo DEM na campanha de Paulo Souto. A Bahia era governada pelo falecido senador ACM e Paulo Souto no período dos crimes.
Dentre os casos mais nebulosos não esclarecidos pela polícia está o do jornalista e proprietário do Jornal A Região, Manoel Leal, em 14 de janeiro de 1998. Apesar de todas as evidências deixadas pelos criminosos, a polícia não foi capaz de prender aos mandantes. O assassinato ocorreu em uma noite numa rua entre o Batalhão da Polícia Militar e o Complexo Policial de Itabuna.
A maioria dos crimes contra profissionais de imprensa foi de mando, ressalta Ernesto. Os assassinatos ocorreram quando o radialista ou jornalista fazia denúncias de corrupção envolvendo políticos ligados ao carlismo.
Além de Leal, Ernesto cita os crimes cometidos contra os radialistas Ivan Rocha, em Teixeira de Freitas, e Ronaldo Santana, em Eunápolis.
- O corpo de Ivan Rocha não foi encontrado até hoje e nos casos de Ronaldo Santana e Manuel Leal investigações mal feitas impediram que se chegassem aos mandantes, porque a regra era a impunidade – diz Ernesto.
Entidades como o Comitê de Proteção aos Jornalistas (EUA) , Sociedade Interamericana de Imprensa (EUA) e Repórteres Sem Fronteiras (França) cobraram oficialmente a apuração dos crimes, mas o governo carlista ignorou os pedidos.
- A liberdade de expressão inexistia e quem se atrevia a denunciar sofria ameaças e em alguns casos pagava com a vida. Não podemos retroceder diante dos avanços que conquistamos com Wagner. Hoje a Bahia tem uma imprensa livre e o direito de opinião é respeitado – afirma Ernesto Marques.

DONA DE ONG SOB INVESTIGAÇÃO DEIXA O PAÍS E SÓ RETORNA APÓS ELEIÇÕES



Dalva deu entrevista à Veja e sumiu do país (Reprodução).
O site da Rádio Metrópole, de Salvador, revela que a presidente da ONG Instituto Brasil, Dalva Sele Paiva, está fora do Brasil. Viajou para Barcelona, Espanha, em 4 de setembro.
A passagem foi comprada no dia 1º deste mês, após conceder entrevista à Veja e relatar um suposto esquema que teria desviado R$ 6 milhões de programas habitacionais na Bahia. A denúncia é de 2010. Mas, agora, Dalva adicionou um nome à lista dos denunciados, o do candidato a governador Rui Costa. Dalva será convocada para prestar depoimento ao Ministério Público baiano ainda nesta semana. O foco será a revelação feita à publicação da Editora Abril.
Diz o site da Rádio Metrópole: “Paiva, que passava por dificuldades financeiras, comprou passagem para Barcelona no dia 1º de setembro e viajou três dias depois, na quinta-feira (4)”.
Apesar de investigada, Dalva Sele Paiva ficará por mais de um mês fora do país. O retorno da viagem está previsto apenas para 11 de outubro, uma semana depois da eleição.
Se Dalva estava em dificuldades financeiras, como informa a Metrópole, quem bancou a viagem da dirigente da ONG?
EVERALDO APONTA RELAÇÕES DE DALVA COM PSDB E DEM
Ainda sobre a denúncia da presidente do instituto, o presidente do PT baiano, Everaldo Anunciação, diz que a denúncia de Dalva é, dentre outras coisas, inconsistente. A ONG, ao contrário do que ela diz, não foi criada no período petista (2007), reforça Everaldo.
O Instituto Brasil teve antes como seus clientes, no âmbito governamental, a Prefeitura de Salvador, em 2003, contratada pela gestão de Antônio Imbassahy (PSDB), e o governo baiano, em 2005, quando o então governador, Paulo Souto (DEM), contratou-0 para atuar na área habitacional na Secretaria de Combate à Pobreza.
Everaldo sustenta que “a raiva de Dalva” cresceu quando os pagamentos ao Instituto Brasil foram suspensos por causa de suspeitas de irregularidades. As acusações a petistas, principalmente a Rui Costa, candidato ao governo, seriam uma espécie de vingança. Dos seis pagamentos previstos, apenas dois ocorreram, conforme Everaldo.
CRÔNICA

De Leila Diniz para Marina/Dilma


Por Joaquim Ferreira dos Santos*
'Eu sofri o diabo para que vocês chegassem onde estão', diz ela
“Minhas queridas, não me venham de ré que estou em primeira. Que brigalhada é essa aí embaixo? Controlem a TPM e as pegadinhas dos marqueteiros. Eles podem ter visto trocentas vezes o debate do Nixon com o Kennedy, podem saber todos os papéis que o Collor tinha na pasta e que deixaram o Lula paralisado no debate da TV — mas essas sabedorias são armas do estado macho. Fujam dos ixpertos antes que vocês entrem para a História como personagens daquela minha última novela na Globo, a “Rainha louca”. O povão vota pelo pé na bunda desses coronéis acajus da velha política. 

Eu estou aqui longe, numa nuvem forrada de paetês que roubei do cenário do “Tem banana na banda”, e talvez por isso não esteja ouvindo tudo. Mas alguma de vocês pôs as mãos nas cadeiras e propôs a liberação do aborto? Não fujam aos hormônios, minhas negas, e deixem a autonomia do Banco Central para o Aécio. 

Eu sou só uma simples vedete de teatro rebolado, mas se eu não tivesse rodado a baiana, se eu não tivesse puxado os desfiles da Banda de Ipanema com as coxas de fora no tempo em que as famílias marchavam com Cristo e os militares, vocês não estavam aí liderando as novas multidões. Por isso, eu digo: acabem com esses ministérios esdrúxulos, essa tal da base aliada, essa corrupção generalizada. Façam como eu diante das feministas intelectualizadas: banana na banda de todos! 

Eu sofri o diabo, meus amores, para que vocês chegassem onde estão. Quando a Janete Clair disse que na novela dela não tinha papel para prostituta e me pôs pra fora do elenco, eu também pensei em partir pra cima. Só porque eu disse no “Pasquim” que uma mulher podia gostar de um homem e ir para a cama com outro?! Mas aí eu pensei no poema que fiz quando era garota: “Brigam Espanha e Holanda pelos direitos do mar, o mar é das gaivotas que nele sabem voar”. Deixei pra lá. Saí voando a minha vida, com as minhas próprias asas, e empurrei a baixaria pra quem gosta. 

Quando fui à luta, eu estava pensando em mim mesma, claro, que não sou de carregar bandeiras e perder tempo com a vida dos outros. Mas não apelei para o dedo no olho, como vocês estão fazendo, que isso era coisa do Verdugo, no “Telecatch Montilla”. Apelei para a emoção, a sensibilidade, essas armas da natureza feminina. Fui em busca do meu prazer e da minha felicidade. Eu queria ter os homens que quisesse e construir família, muitos filhos. Ninguém entendeu. O preconceito me chamava de galinha. Lutei com as armas da honestidade e morri na merda. Zero de arrependimento. 

Sou filha de um dirigente do Partidão e só estou lembrando isso para chegar ao avesso do que vocês podem estar pensando. A política brasileira nunca prestou. Quando quebrou o pau — e vocês me desculpem se eu custei tanto a colocar o assunto na mesa —, eu fiquei na mão. Depois da entrevista pro “Pasquim”, a esquerda me chamava de alienada, a direita me via como perigo à família, e as feministas me tinham como diversionista da causa. Fiquei sozinha. Foi preciso o “reacionário” do Flávio Cavalcanti me abrigar no programa dele para eu sobreviver. Por isso, gatas fofas, livrem-se dessa politicagem antiga. Políticos brasileiros miram-se pela essência do caranguejo. Nenhum é fiel. Governem pra todos, sem 10% nem boquinha pra quem quer que seja. 

Uma vez um deputado foi me procurar no teatro, cheio de propostas sacanas. Recusei todas. “Mas você dá pra todo mundo”, reclamou o idiota. Eu disse que sim, dava pra todo mundo, mas pra todo mundo que eu queria. Não pra qualquer um. O homem ficou (*). Acho que essa turma não mudou. 

Eu fui perseguida nas ruas de Ipanema porque estava grávida e andava de biquíni sem aquela bata por cima da barriga. Me cuspiram na cara. Tudo isso apenas porque eu queria ir à praia do jeito que bem entendesse. Faz tempo que eu não estou aí embaixo, mas imagino, por mais fodonas que vocês sejam, que a mulherada ainda sofra o diabo. Pensem nelas. Vocês lembram da música do Erasmo, aquela do “Como diz Leila Diniz, homem tem que ser durão”? Eu estava errada. Temos todos, homens e mulheres, que ser sensíveis e honestos. 

Mando esta carta porque me identifico com vocês. Uma foi torturada, a outra, empregada doméstica. Vocês sobreviveram fisicamente, eu, na memória. Quando a TV me mandou embora, eu fui vender bata indiana com a Vera Barreto Leite na General Osório. Me humilharam, me fizeram assinar um documento no Dops da Praça XV jurando que nunca mais falaria palavrão na TV. Eu continuei na minha, atrás do que eu considerava o ponto G naquele momento, a felicidade de ser uma mulher livre. O ponto G de vocês agora é governar pra geral. 

A vida dá voltas, queridas, te deixa às vezes de cabeça pra baixo, às vezes de cabeça pra cima, e eu que estaria fazendo 69 anos sei muito bem do que estou falando. O importante é manter a compostura e a determinação. Tratem a política de outro jeito. Não é à toa que são duas mulheres por cima da carne seca. Os homens que passaram por aí tiravam imediatamente os melhores nacos para suas gangues. Ninguém aguenta mais essa corja de fominhas. Decidam com justiça, deixem esse papo de expedientes macho pros malandros otários — ou a próxima carta quem vai mandar pra vocês vai ser a Dercy!!! Beijos. Leila “para sempre” Diniz”. 

*Joaquim Ferreira dos Santos é colunista do GLOBO, onde publica sua crônica às segundas-feiras


POR HOJE É SÓ...
 PONTO FINAL


 (REDAÇÃO: O BOLSO DO ALFAIATE)

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